Como as insurtechs vêm crescendo no Brasil?
A transformação digital vem atingindo não somente o dia a dia das pessoas e os processos internos nas empresas, como também está revolucionando nichos que consideramos mais tradicionais e rígidos.
Assim como as fintechs — startups de tecnologia aplicadas ao mercado financeiro —, as insurtechs ganham cada vez mais força e propõem mudanças para o segmento das seguradoras.
O termo combina as palavras em inglês “insurance” (seguro) e “technology” (tecnologia). Na prática, esse tipo de startup trabalha com a aplicação de métodos disruptivos, automação e outras inovações em todas as etapas operacionais de uma seguradora, proporcionando uma experiência mais agradável e valiosa para o cliente. Ainda permite reformular o modelo de negócios.
Mas, afinal, como funcionam essas insurtechs e qual é o panorama desse modelo no Brasil? Continue a leitura deste post e informe-se sobre o tema agora mesmo!
Sumário
Como funcionam as insurtechs e como a tecnologia é aplicada?
Insurtechs são startups do ramo de seguros que aplicam a tecnologia na criação, na distribuição e na gestão de seus processos.
Nos bastidores, automação, ferramentas, aplicativos e processamento de dados cuidam para que o intercâmbio de dados e checagens do histórico financeiro e de uso do usuário seja feito. Assim, é possível garantir precisão, agilizando aprovações e melhorando a qualidade do serviço.
Big Data, Inteligência Artificial, Cloud Computing e Internet das Coisas são exemplos das principais inovações que formam o DNA das insurtechs. Com isso, elas oferecem diferenciais para o mercado e para os clientes, como:
- operação otimizada: o Big Data permite analisar um volume massivo de dados internos e externos. Também há chances de avaliar riscos, comportamento dos clientes, tendências, políticas de preços, detectar fraudes etc.;
- customização das ofertas: a investigação do perfil comportamental dos usuários e uma análise de riscos mais precisa fornece subsídios para as insurtechs. Assim, elas apresentam modelos de seguro sob medida para cada cliente, atendendo a um número maior de demandas;
- acessibilidade dos valores: a flexibilidade e a redução de custos que a tecnologia proporciona são refletidas no preço final do serviço;
- redução de burocracias: a automação otimiza todos os ciclos, desde a contratação até a manutenção do serviço e a solução de problemas, como sinistros. Isso ajuda, inclusive, no dia a dia de corretores e corretoras;
- aumento da segurança: as insurtechs investem em softwares e aplicativos de alto nível para reforçar a proteção de dados e apólices;
- conveniência: a possibilidade de fazer tudo online e em poucos passos, sem precisar lidar com procedimentos repetitivos e confusos, é um ganho em termos de conforto e praticidade para os clientes;
- melhoria do relacionamento com os clientes: a eficiência das operações traz confiança para as interações entre as partes envolvidas. Ao mesmo tempo, fortalece as ações de marketing de conteúdo;
- digitalização dos processos: a realização de todas as etapas de forma online permite estruturar o negócio de maneira mais eficiente. Desse modo, você atende os clientes de forma rápida e sem ambiguidades.
Quais são os desafios para esse modelo de negócio?
A inovação sempre apresenta certa complexidade para empresas. Por isso, muitos dos negócios que atuam na área de seguros assumem uma posição mais resistente quando o assunto é incorporar a tecnologia. Nesse sentido, startups e sua cultura do risco formam um terreno fértil para a experimentação. Mesmo assim, existem dificuldades que insurtechs enfrentam. Dentre elas estão:
- custo elevado do investimento em tecnologia;
- questões de legislação e regulamentais, que podem limitar alguns processos;
- constante manutenção das ferramentas para garantir seu funcionamento e manter a privacidade dos dados.
E as tendências?
Ao mesmo tempo, o momento é de grande oportunidade para a indústria de seguros, sobretudo quando falamos de reinvenção do modelo e reposicionamento do serviço diante dos clientes. Com a tecnologia sendo usada a seu favor, o setor se torna cada vez mais inteligente e rápido.
Ainda apresenta menores custos para empresas e para o consumidor final. Dentre as principais tendências para o segmento, um dos destaques é o aumento da oferta de soluções digitais, proporcionando experiências 100% online e sem fricção na contratação de apólices.
Ainda há simplificação e fortalecimento da relação entre cliente, seguradora e corretores. Tudo com mais autonomia e praticidade. Vale a pena destacar que essa tendência é reforçada porque o diferencial de um atendimento rápido leva ao aumento da satisfação.
Outro fator positivo é a humanização e personalização do contato. Desse modo, é possível entender os desejos e as necessidades do cliente, e atendê-los. A inteligência de dados contribui de forma significativa para esse processo.
Existem outras duas tendências a evidenciar. A primeira é o foco em um público que, geralmente, não é contemplado pela indústria tradicional e está insatisfeito com ela. Por exemplo, pessoas que precisam de um seguro de carro por tempo limitado. Assim, são oferecidas soluções personalizadas, preocupando-se com o sucesso do cliente.
A segunda é a aplicação da tecnologia para solucionar os pontos fracos do setor, como burocracias e informações truncadas. Afinal, muitos clientes não entendem como funcionam as apólices. Ao descomplicar os passos e tornar a informação mais clara, os níveis de satisfação e confiabilidade aumentam.
Qual o cenário das insurtechs no Brasil?
Seguradoras brasileiras estão passando pelo processo de transformação digital. Esse movimento é percebido especialmente na questão da automação, uma vez que uns dos maiores obstáculos da operação são as etapas burocráticas do negócio.
Nesse sentido, mais do que investir seu capital em inovação, muitas empresas preferem firmar parcerias com insurtechs. Essa é uma forma de conseguirem aprender com elas e ampliar suas linhas de negócio. Paralelamente, diante de tanta oportunidade, vê-se um crescimento do número de startups desse modelo nas oficinas de aceleração e rodadas de investimento no país.
Tanto é que um mapeamento feito pela Camara-e.net (Câmera Brasileira de Comércio Eletrônico) em 2018 apontou que o Brasil conta com 79 insurtechs, sendo que 62,7% delas estão em São Paulo. A maior parte delas tem como foco o desenvolvimento de aplicações e desenvolvimento de produtos e soluções para empresas. Logo, o público-alvo B₂B concentra 72,41%.
Dentre as startups avaliadas nessa pesquisa, a maioria delas aponta como objetivos: potencializar as parcerias com seguradoras tradicionais e desburocratizar o setor. Esses dados mostram que existe uma grande oportunidade de colaboração entre o mercado convencional offline e as insurtechs, de modo que esses negócios desejam firmar parceiras que proporcionem a modernização do nicho, a melhoria da experiência e a satisfação do cliente final.
Digitalização de processos na pandemia: insurtechs em crescimento
Em 2020, o mercado de seguros sofreu vários impactos derivados da pandemia, especialmente por conta do aumento de sinistros nos segmentos de vida e saúde, e do declínio em automóveis e viagens.
A necessidade de isolamento social fez as empresas digitalizarem seus processos. O objetivo era atender os clientes a distância, mas com a mesma qualidade. Com essa demanda, as insurtechs cresceram.
Na América Latina, o total de investimentos chegou a um patamar 10% maior quando comparado a 2019. O dado se refere somente ao primeiro trimestre do ano e faz parte do estudo Digital Insurance LatAm. O Brasil tem um papel relevante nesse cenário, pois o mercado nacional alcança 37% do total da América Latina.
Além disso, o impacto da transformação tecnológica se revela na inovação do setor para atender às demandas do consumidor. Nesse cenário, vale a pena usar as soluções oferecidas pelas insurtechs, como por exemplo as plataformas de atendimento.
Mais do que isso, a pandemia também tende a acelerar a implantação de três principais tendências. Elas são:
- popularização das tecnologias disruptivas, como a inteligência artificial, a Internet das Coisas (IoT), o Big Data e a telemática;
- transformação na forma de vender e consumir seguros, já que os seguros intermitentes foram regulamentados em 2019 e agora permitem que o consumidor adquira o plano como e quando quiser, até mesmo com a possibilidade de suspendê-lo por um tempo;
- análise de riscos aprimorada. Isso é possível por meio de aplicativos que analisam a forma como o motorista dirige, entre outros fatores. Assim, quem apresenta menos riscos consegue mais descontos.
Todos esses pontos mostram que as insurtechs estão conquistando o seu espaço no mercado, pois atendem às necessidades dos clientes de forma enxuta e ágil. Portanto, a tendência é de que elas devem ampliar o marketshare nos próximos anos.
O que são proptechs?
Outro conhecimento importante é o conceito de proptechs. Essas são as startups inovadoras no segmento de Real Estate, ou seja, no mercado imobiliário. Esse mercado e o das construtechs cresceram 235% de 2016 a 2021. Atualmente, há 839 startups nesses dois setores — o estudo é feito em conjunto e não há dados isolados.
Da mesma forma que ocorre com as insurtechs, o objetivo é criar projetos embasados na inteligência artificial para facilitar a compra e a venda do imóvel. Toda a negociação é feita de forma online e o sistema de financiamento é diferenciado, a estilo de um crowdfunding imobiliário.
De toda forma, as proptechs e as insurtechs trazem mais acessibilidade aos serviços. Eles também se tornam menos burocráticos e mais baratos. No entanto, mantêm o nível de segurança já conhecido nas modalidades tradicionais.
Esse é o motivo pelo qual as insurtechs e sua cultura disruptiva conquistam mais e mais espaço e ditam novas regras para o futuro do mercado de seguradoras, rompendo os paradigmas de um segmento tradicional e conservador. Entre as suas principais propostas e diferenciais está a de se aproximar dos usuários, entendendo a dor dos clientes e apresentando ofertas com mais relevância e que atendam a demandas específicas. Tudo isso com base em processos mais rápidos, digitais, flexíveis e de baixo custo.
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