MULHERES CEO: QUAIS SÃO AS STARTUPS BRASILEIRAS LIDERADAS POR MULHERES?
As mulheres estão conquistando cada vez mais espaço no mercado de trabalho e alcançando cargos de liderança em startups brasileiras. Apesar das dificuldades, pouco a pouco, elas estão vencendo os preconceitos e ocupando cargos como supervisão, direção e Chief Executive Officer (CEO).
Segundo dados da Relação Anual de Informações Sociais da Folha de S.Paulo, o percentual de mulheres CEO e outros cargos de gerência e diretoria cresceu de 39,2%, em 2003, para 42,4%, em 2017 — números que apontam um leve aumento da presença feminina em posições de chefia.
Para contribuir de forma construtiva e incentivar a representação feminina nos cargos mais altos da hierarquia corporativa, separamos uma lista das principais startups que contam com mulheres CEO. Confira!
Sumário
A importância da liderança para uma startup
Antes de apresentarmos as startups brasileiras lideradas por mulheres, é preciso que entendamos a importância da liderança para uma startup. Assim, fica mais fácil compreender como o trabalho dessas mulheres CEO é importante para o desenvolvimento dessas empresas.
Ser líder de uma startup é ainda mais desafiador do que comandar uma empresa tradicional, pois esse tipo de organização costuma ter uma cultura mais moderna e inovadora. Inclusive, muito se fala de transformação digital, mas startups já nascem com uma cultura digital.
Por isso, as gestoras precisam desenvolver habilidades da sua equipe com foco nesse modelo de negócio. Nesse sentido, missão, visão e valores não podem ser enxergados como frases de efeito presentes em uma página pouco acessada do website: eles devem ser a representação da cultura abraçada tanto pela diretoria quanto pelo estagiário.
Assim, o papel da líder dentro de uma startup ultrapassa as funções tradicionais de gerenciamento, pois essa figura é responsável por manter um time diverso engajado em um mesmo objetivo. Para tanto, é preciso ter habilidades para lidar com pessoas totalmente diferentes e jogo de cintura para encarar os desafios diários.
Ao mesmo tempo, as lideranças precisam ensinar e passar experiência aos seus times. Elas devem ser capazes de criar uma forte sinergia no grupo, promovendo a integração e facilitando a comunicação, de forma a unir desde os profissionais mais experientes até aqueles que estão iniciando sua jornada no ambiente profissional.
Isso, porque muitas startups são conhecidas por darem oportunidade a profissionais recém-saídos das universidades. É papel da líder treinar e preparar esses jovens para a rotina da empresa, além de estabelecer um ambiente que promova a difusão do conhecimento e que incentive os outrora aprendizes a replicar esse processo com os novos colaboradores que virão.
Junto a todos esses pontos, há o desafio de sempre procurar soluções inteligentes e inovadoras para a empresa. Por isso, a líder precisa se manter atualizada, buscando novas formas de guiar o seu time e promover mudanças. Esses aspectos são cruciais até mesmo para o desenvolvimento da empresa em um mercado tão exigente e competitivo.
Startups e grandes organizações lideradas por mulheres
Construir um ambiente profissional igualitário, inclusivo e diverso produz muito mais que benefícios financeiros para as empresas. Isso, porque promover a equidade de gênero em todos os níveis hierárquicos aumenta o engajamento e a satisfação dos colaboradores.
Ainda, o fato de muitas mulheres ganharem destaque ao fundarem startups de sucesso ajuda a vencer qualquer preconceito e incentiva outras mulheres a perderem o receio de trilhar seu caminho nesse meio.
É com esse intuito que apresentamos as principais startups e grandes organizações do Brasil que contam com mulheres CEO!
Nubank
A Nubank é a maior fintech — startup com foco em inovação financeira — do Brasil. A empresa foi cofundada por Cristina Junqueira, que, atualmente, é sua vice-presidente. A organização é considerada um grande caso de sucesso, tendo se tornado, no ano de 2018, um unicórnio: startup avaliada em mais de 1 bilhão de dólares.
Cristina Junqueira tem MBA em finanças e marketing pela Kellogg School of Management, uma prestigiada escola de administração dos Estados Unidos. É a única sócia (brasileira) da startup.
Um fato interessante é que ela iniciou sua jornada empreendedora durante a gravidez, uma situação que geralmente é considerada uma barreira para iniciativas empreendedoras. Esse fato foi devidamente desmistificado por várias pesquisas.
Creditas
A Creditas é a principal plataforma online de crédito no país e tem como Chief Operating Officer (COO) a empreendedora Ann Williams. A fintech teve um crescimento de 700% em 2017, e a estimativa é de que, até 2021, a empresa cresça 300% ao ano.
Ann Williams está entre as 30 mulheres que mais investem em tecnologia na América Latina e tem uma longa carreira nas áreas de operações de pessoas, gestão de vendas e marketing, sucesso do cliente, parcerias estratégicas e desenvolvimento de negócios.
Love Mondays
A Love Mondays é uma plataforma de avaliações de salários e ambientes de trabalho. A organização foi eleita a melhor startup da América Latina no Latin America Startup Challenge e na U-Start Conference, uma competição global.
A empresária Luciana Caletti tem MBA pela Universidade de Oxford e já atuou em grandes empresas no Brasil e no exterior. A CEO da Love Mondays foi eleita a empreendedora do ano pelo Gala Latam Founders na edição de 2017.
PetiteBox
A PetiteBox é o maior clube de assinatura materno-infantil do Brasil. A organização conta com uma base de mais de 2 mil clientes ativos e 25 mil cadastros. A startup, fundada em 2013, já triplicou desde a sua criação.
A cofundadora e CEO Ivy Asis é administradora pública pela Fundação Getulio Vargas e tem mais de 13 anos de experiência na área de marketing e pesquisa de mercado. A empreendedora já participou do programa Shark Tank Brasil — reality show de investimento em projetos.
Por falar em Shark Tank, não podemos deixar de citar Cris Arcangeli. Apesar de já ter participado de outros programas de televisão, incluindo reality shows, ela alcançou notoriedade após tornar-se uma das show runners do programa.
Cris já fundou várias empresas, participa de fundos de investimento, é palestrante, dá aulas de empreendedorismo em universidades de renome e foi alçada ao status de celebridade, sendo inspiração para milhares, quiçá milhões, de mulheres empreendedoras.
Gupy
Se você andou se candidatando para vagas de trabalho de forma online, há uma grande chance de que tenha se cadastrado na Gupy, uma das principais empresas de software de recrutamento e seleção do país.
A plataforma é utilizada por muitas organizações, incluindo as de grande porte e até multinacionais. Mariana Dias é CEO e cofundadora da Gupy junto de outra mulher e atual COO, Bruna Guimarães. Ambas ajudaram milhares de profissionais a se reposicionar no mercado de trabalho.
Mariana Dias é formada em administração pela Universidade de São Paulo, onde já demonstrava seu espírito empreendedor ao participar da Empresa Júnior. Ainda, passou por grandes corporações antes de fazer uma especialização em empreendedorismo e inovação pela Universidade de Stanford e, finalmente, fundar a Gupy.
General Motors
A General Motors do Brasil é uma das principais subsidiárias da GM na América do Sul. No país, a empresa foi fundada em 1925 e, desde então, foca as suas atividades na produção de peças e veículos automotores para o mercado nacional e internacional. A empresa tem reconhecimento mundial de excelência em design e desenvolvimento de veículos.
A presidente atual do grupo internacional, May Barra, atua na GM desde os 18 anos, quando começou como estagiária, tendo, depois, ocupado cargos de coordenação e engenharia. Após a saída de Dan Akerson do cargo de CEO, ela foi convidada a ocupar a posição hierárquica mais alta.
LATAM
A LATAM é o resultado da fusão entre duas companhias aéreas da América Latina: a TAM (Brasil) e a LAN (Chile). A união entre ambas foi anunciada em 2010, mas teve a sua conclusão apenas em 2012 — ainda assim, com operações separadas, mas no mesmo grupo.
Hoje, a empresa opera com as subsidiárias na Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Paraguai e Peru, tendo rotas para todos os continentes do planeta.
Apesar de ter deixado a empresa em 2019, Claudia Sender é um nome de peso dentro da companhia, visto que ela foi a CEO do grupo durante boa parte desse processo de expansão de TAM para LATAM. Hoje, a empresa é comandada por Jerome Cadier.
As mulheres CEO de grandes empresas
As mulheres CEO de grandes empresas têm transformado o mercado e mostrado a força feminina no comando das organizações. Confira, a seguir, um pouco mais sobre as histórias de algumas das que citamos acima e de outras importantes figuras nesse contexto!
Claudia Sender, CEO da LATAM
Como vimos, Claudia Sender é um dos nomes mais importantes quando se trata de empresas aéreas no Brasil. Ela foi a CEO da LATAM de 2013 a 2017, sendo uma das principais responsáveis pelo processo de transformação pelo qual a organização passou quando houve a fusão entre a LAN e a TAM.
Sender é formada em engenharia química pela Universidade de São Paulo, com MBA pela Harvard Business School. O seu primeiro emprego foi como estagiária na consultoria Bain & Company.
Antes de ir para a LATAM, ela atuou como vice-presidente de marketing na Whirlpool. Em 2011, foi contratada como vice-presidente comercial e de marketing da TAM e, então, foi subindo na empresa até conquistar o maior posto na diretoria.
Em uma reportagem para a revista Época Negócios, Claudia deixou uma importante contribuição sobre a sua visão enquanto líder: “Mulheres, não tentem ser homens. Esse é o maior erro que podemos cometer. Temos competências e habilidades únicas e que são valorizadas no mercado para a tomada de decisões em empresas”.
Mary Barra, CEO da General Motors
Mary Barra é a atual CEO da General Motors Company. Formada em engenharia elétrica, ela foi a primeira mulher a ocupar o posto mais alto em uma grande montadora.
Como vimos, Barra trabalha na GM desde os 18 anos, tendo iniciado a sua trajetória como estagiária. Ela passou por áreas como administração, engenharia e produto. A vice-presidência em engenharia de fabricação global veio em 2008, e o cargo de CEO, em 2014. Ela é reconhecida como uma das mulheres mais influentes do mercado.
A sua paixão pelos negócios é o que a fez chegar tão longe. Tanto é que ela disse sempre ter acreditado “que a vida era muito curta para trabalhar para uma companhia ou estar em uma função que você não ama”.
Rachel Maia, CEO da Lacoste
Rachel Maia é outro nome de destaque quando se trata de mulheres CEO no Brasil. Ela já ocupou o maior posto da unidade brasileira da joalheria Pandora e, hoje, é o principal nome à frente da Lacoste. Filha caçula de sete filhos, Rachel formou-se em ciências contábeis pelas Faculdades Metropolitanas Unidas, tendo se especializado na USP e em Harvard.
O primeiro emprego de Rachel foi como contadora na Seven Eleven. Após passar dois anos estudando inglês no Canadá, retornou ao Brasil e trabalhou por quatro anos como gerente financeira na Novartis. Depois, foi para a joalheria Tiffany & Co., onde atuou chefiando a unidade brasileira, e, posteriormente, para a Pandora. Desde 2018, a paulistana ocupa o cargo de CEO da grife Lacoste no Brasil.
Para Maia, uma das principais lições para conseguir destaque na carreira é ser o melhor profissional na área, dedicando-se ao trabalho. “Se for para ser só coordenadora, seja a melhor coordenadora”.
Paula Bellizia, CEO da Microsoft Brasil
Uma das maiores organizações de tecnologia do mundo é chefiada no Brasil por uma mulher, Paula Bellizia. A angolana veio para o país junto da sua família quando tinha apenas 3 anos, fugindo de uma guerra civil.
Formada em Computação e Ciência da Informação, Paula enxergou no mercado uma grande oportunidade de se destacar. Durante 10 anos, ela atuou na Microsoft e, depois, saiu da empresa para ocupar cargos no Facebook e Apple, retornando à Microsoft em 2015, já no cargo de CEO da unidade brasileira.
Para ela, o incentivo de outras lideranças foi crucial para ocupar o cargo em que está hoje. Paula sempre destaca a questão da diversidade de experiências e que isso é crucial para o crescimento de qualquer profissional.
“Não existem duas culturas iguais, mas há aprendizados em todas. Isso contribuiu muito para minha visão de mundo e amadurecimento profissional. No mundo da tecnologia, a inovação é palavra de ordem, e ela é impulsionada pela diversidade”, afirma Paula em matéria da revista Exame.
As características das mulheres que chegaram ao cargo de CEO
Toda pessoa tem habilidades inatas e adquiridas que a fazem única, e essas características são o que torna a humanidade fascinante e possibilita que tantos negócios inovadores surjam a cada ano. Mas há um conjunto de competências presente em boa parte das mulheres em posições de liderança. Confira, abaixo, quais são elas.
Experiência em STEM
STEM é uma sigla em inglês que significa: Science, Technology, Engineering and Math, ou seja, Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática.
A presença feminina nessas áreas e disciplinas de exatas correlacionadas é muito pequena, quando comparada com o número de homens. E, em um mundo cada vez mais tecnológico e digital, principalmente no meio das startups, as mulheres que tiverem algum estudo ou experiência nessas áreas terão muito mais chances de chegar a cargos de alta liderança.
Trajetória variada
Conhecimento técnico é bem-vindo em qualquer circunstância, mas cargos de liderança, principalmente em nível de diretoria, como CEO e COO, requerem pessoas de perfil mais generalista que especialista.
A multidisciplinaridade é essencial para quem dirige uma empresa e estabelece suas estratégias, pois há necessidade de ter conhecimento, mesmo que superficial, de todas as áreas e departamentos, para não tomar decisões desbalanceadas e que não consideram todos os pontos de vista.
Autoconsciência e resiliência
Empreender não é para qualquer um. E, no caso das mulheres, infelizmente, o desafio é ainda maior. Ainda, apesar de haver várias ferramentas e processos que podem facilitar a jornada empreendedora, não há fórmula mágica para o sucesso.
Portanto, as mulheres que escolhem esse caminho precisam avaliar suas decisões a cada passo e ter consciência do terreno que estão pisando e a humildade de voltar atrás quando necessário. Mas também não podem desistir ao se deparar com qualquer obstáculo. Assim, devem ser resistentes e seguir em frente sempre que acreditarem que estão no caminho certo.
Ao se desbravar um novo mercado, nem sempre os resultados são imediatos, e a persistência pode ser o divisor de águas entre o sucesso e o fracasso. Conforme Winston Churchill uma vez disse, “se você está atravessando o inferno, continue atravessando”.
Valorização da equipe
Essa é uma questão óbvia, mas, mesmo assim, muito mal exercida. Toda empresa é formada por pessoas, e bons resultados só são obtidos com equipes engajadas.
Uma CEO pode ter uma ou outra característica pouco desenvolvida, como conhecimento na área de STEM, e levar sua startup ao sucesso do mesmo jeito. Mas, se não souber valorizar sua equipe, dificilmente construirá uma empresa mais que medíocre.
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Como as mulheres estão conquistando o mercado de trabalho
Como vimos, a participação das mulheres tem crescido muito no mercado de trabalho brasileiro. Mais do que isso, porém, elas têm provado para a comunidade corporativa como a sua participação impacta positivamente os resultados dos negócios. Por esse e outros motivos, a liderança feminina dentro das startups vem evoluindo consideravelmente.
Ser mulher e conquistar um cargo de CEO é uma grande evolução no mercado. Isso, porque as mulheres sempre enfrentaram obstáculos e tiveram que lutar bastante pela ocupação de espaços na sociedade que, historicamente, eram ocupados apenas por homens.
Outro ponto que merece destaque é que, segundo relatório de 2018 divulgado pelo Sebrae Minas, as mulheres empreendedoras têm um nível de escolaridade 16% superior ao dos homens. Com isso, o número de empreendedoras cresceu 124% entre 2013 e 2018.
Mesmo com essa evolução, o ambiente de negócios ainda é desfavorável para o público feminino.
Grandes nomes do mercado destacam o esforço e comprometimento com o trabalho frente aos desafios que enfrentam diariamente não só na profissão, mas também por serem mulheres.
Ainda, é um fato conhecido que as mulheres ganham em média menos que um homem, quando comparados cargos idênticos ou similares em empresas de mesmo porte.
Mas um dado pouco divulgado é que startups lideradas por mulheres costumam levantar investimentos consideravelmente menores que empresas geridas por homens, segundo estudo da Boston Consulting Group.
A crescente ocupação por parte das mulheres desse espaço historicamente masculino é fundamental na luta pela igualdade de gênero, equidade salarial e reconhecimento. Apesar dos constantes desafios, isso tem contribuído para formar empreendedoras mais resilientes, experientes e confiantes.
Por fim, as startups que se preocupam em promover a liderança de mulheres CEO têm conquistado melhores resultados financeiros e de gestão de pessoas — mais uma prova de que devemos continuar apostando no empoderamento feminino para manter esses aspectos em crescimento constante.
Nesse sentido, a presença das mulheres em posições de liderança destacou a importância da sua atuação na administração de equipes e empresas modernas, o que também contribui para que líderes do futuro saibam lidar melhor com pessoas diversas e impactar a sociedade.
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