Como a pandemia acelerou a transição para o mundo BANI? Saiba aqui!
A rápida e constante evolução das tecnologias e processos no cenário contemporâneo nos colocou diante de uma espiral de mudanças, que instalou o clima de volatilidade e complexidade que muitas empresas e negócios sentem. Essa sensação é descrita pelo conceito do mundo VUCA. No entanto, já vivemos uma atualização desse modelo para o novo mundo BANI.
Diante de um acontecimento sem precedentes, como a pandemia de Covid-19, uma das maiores crises sanitárias e de saúde que o mundo moderno já testemunhou, era inegável que muitas transformações e impactos em diferentes áreas aconteceriam.
O mundo BANI é um termo criado por um antropólogo com o intuito de descrever as demandas, anseios e desafios desse novo contexto, e como pessoas e negócios podem se preparar para encarar essa nova era. Para saber mais sobre essa transição e como o entendimento desse conceito pode ajudar sua empresa, continue a leitura e fique por dentro!
Sumário
BANI e VUCA: o que cada um desses mundos representa?
O conceito de mundo VUCA surgiu no final dos anos 1980, em um cenário pós-Guerra Fria e, ao mesmo tempo, de forte ascensão da globalização e interconectividade. Diante disso, o Army War College dos Estados Unidos introduziu o acrônimo, que significa Volatility, Uncertainty, Complexity e Ambiguity — em português, Volatilidade, Incerteza, Complexidade e Ambiguidade.
O termo que foi cunhado para direcionar estratégias militares, rapidamente se espalhou e começou a ser adotado por empresas de diversos setores. Ele serviu para nortear as táticas a serem adotadas para lidar com questões da época e o então novo panorama de inexatidão e disrupção.
Como aconteceu a transição para o mundo BANI?
Nos dias de hoje, de acordo com o antropólogo e futurista estadunidense Jamais Cascio, vivenciamos uma transformação. Para o autor, VUCA se tornou ultrapassado e não dá mais conta de explicar a conjuntura atual, como pessoas passaram a enxergar o mundo e reagir aos acontecimentos e, especialmente, como negócios podem se adaptar a cenários cada vez mais incertos e obscuros.
A volatilidade e as incertezas do VUCA trouxeram fragilidade e ansiedade. O que era complexo e difícil de entender ganhou ares de caos e imprevisibilidade. Com isso, Cascio propôs uma atualização do conceito, que seria o mundo BANI: Brittle, Anxious, Nonlinear, Incomprehensible, ou seja, Frágil, Ansioso, Não-linear e Incompreensível, em português. Assim, os pilares desse novo modelo são:
- frágil: diante de uma catástrofe como a pandemia, muitas empresas quebraram e perceberam como estavam construídas em bases não sólidas. Desse modo, nunca foi tão necessário aprender a caminhar em um terreno gelatinoso, praticamente de mãos dadas com o risco;
- ansioso: a ansiedade é uma das doenças mais recorrentes hoje em dia, sendo comumente diagnosticada em pessoas de gerações recentes. Tanto o mercado como os indivíduos estão sob constante pressão e vivem no limite, o que afeta as tomadas de decisão;
- não-linear: com o distanciamento social, estranhamento e desconexão aconteceram entre pessoas e eventos. Logo, para Cascio, debruçar-se em planejamentos de longo prazo e estruturas padronizadas não faz mais sentido;
- incompreensível: o antropólogo afirma que a sobrecarga de informação e obsessão pelo controle de dados podem não ajudar empresas a encontrar as respostas de que precisam. O resultado desse excesso é um estado final de incompreensibilidade.
Como a pandemia acelerou a transição do mundo VUCA para o mundo BANI?
Na década de 1980, quando surgiu o VUCA, o que conhecemos como mundo digital estava em um estágio embrionário. Hoje, vivemos com profundidade as urgências, mudanças, a velocidade e o volume de informações que o universo tecnológico trouxe.
Empresas e indivíduos seguiam seu dia a dia em um ritmo acelerado, em um cenário já incerto, quando a pandemia surpreendeu a todos. A Covid-19 revelou que o curso das coisas não está em nossas mãos, que a qualquer momento eventos jamais imaginados podem acontecer e colocar em xeque ideias, planejamentos, ações e estruturas.
Quais foram os impactos disso nos negócios?
Nunca foi tão difícil, tanto em um nível pessoal quanto profissional, ponderar perguntas relacionadas ao futuro. “Como você se vê daqui a cinco anos?” parece uma questão impossível de responder com segurança. No mundo BANI, o que entendemos é que nada é definitivo, e nada é para todo sempre.
Um dos principais impactos nos negócios se dá por conta do comportamento dos clientes. O consumidor se encontra mais frágil e ansioso diante do excesso de estímulos e informações disponíveis sobre serviços e produtos.
Paralelamente, os resultados das ações e campanhas adotadas por uma empresa são, muitas vezes, imprevisíveis graças à não-linearidade, visto que nem sempre existe um padrão lógico. Tudo isso, em meio à imprevisibilidade, já que mudanças externas podem se apresentar a qualquer momento.
Como se preparar para o mundo BANI?
Por mais desafiador que pareça ser, em toda crise existe o potencial para uma oportunidade, e no mundo BANI isso não é diferente. Se existe um aprendizado importante nesse contexto é se preparar para reagir rapidamente às mudanças. Logo, criatividade e jogo de cintura são habilidades essenciais.
Para lidar com a fragilidade e a ansiedade, resiliência e empatia são caminhos possíveis. Investir em atendimento humanizado e campanhas com mais propósito, transparência e ética poderá potencializar a customer experience.
Dentro das organizações, é vital também voltar atenção para gestão de pessoas, focando diversidade, inclusão e garantindo um espaço colaborativo e segurança psicológica para que a equipe se sinta mais segura e preparada para contornar intempéries.
Adaptabilidade e flexibilidade também são pilares fundamentais para enfrentar padrões incompreensíveis e não-lineares. Uma vez que planejar o longo prazo se torna mais complexo, empreendimentos precisam contar com boas práticas e inteligência de mercado para ir tateando, pouco a pouco, as melhores estratégias, e garantir a sobrevivência do negócio.
Táticas como downsell, em um contexto de baixa de vendas, podem ser uma boa solução, mesmo que provisória, para segurar as pontas enquanto a tempestade não passa.
O que acontecerá daqui a dois anos ou quais serão as principais tendências de mercado nos próximos meses? Essas são perguntas que qualquer gestor gostaria de saber. Contudo, o mundo BANI nos lembra de que vivemos um panorama de instabilidade, e esperar pelo inesperado é nossa única verdade.
A saída é assumir essa fragilidade e encarar o incompreensível e o imprevisível. Para tal, resiliência e criatividade serão importantes trunfos para superar desafios, adaptar-se e, principalmente, cultivar o habito de ressignificar conceitos, realidades e o mundo como um todo, o tempo inteiro.
O que você achou do conceito do mundo BANI? Como você e sua empresa estão lidando com as transformações impostas pela pandemia? Deixe um comentário abaixo e compartilhe suas ideias e experiências!