Insurtech: como a tecnologia tem revolucionado o mercado de seguros
Muitos mercados consolidados vêm passando por mudanças profundas graças ao uso de tecnologias inovadoras aplicadas ao desenvolvimento de novos produtos, serviços e métodos de operação mais certeiros e enxutos. Um exemplo desse fenômeno é o avanço das fintechs no mercado de serviços financeiros, tradicionalmente dominado por um pequeno grupo de grandes bancos.
Seguindo a mesma proposta, as insurtechs também estão revolucionando o setor de seguros, que historicamente é marcado pela forte regulamentação e burocracia. O objetivo deste artigo é aprofundarmos o conceito de insurtech e descrever quais os benefícios práticos que a tecnologia confere para as novas empresas e clientes do segmento de seguros. Acompanhe!
Sumário
O que é insurtech?
O termo tem origem na junção de duas palavras inglesas. A primeira é insurance, que significa seguro, e a segunda é tech, que se refere a tecnologia.
Logo, fica fácil entender que o termo insurtech representa a utilização de novos recursos e tecnologias que, ao serem aplicadas ao setor de seguros, auxiliam as decisões relacionadas a aquisições de forma mais ágil e menos custosa, se comparadas às seguradoras tradicionais.
Assim, startups começam a proliferar nesse mercado ao identificar oportunidades para a inserção de novos processos, metodologias e práticas que tornam a análise de risco e a contratação de seguros cada vez mais eficientes e menos burocráticas.
É importante destacar que o fator-chave de diferenciação de uma insurtech para uma seguradora tradicional é, justamente, o uso intensivo de algoritmos para análise de comportamentos, tendências e níveis de risco. Isso proporciona a entrega de produtos cada vez mais adequados ao perfil de cada cliente.
Como a tecnologia está revolucionando o mercado de seguros?
Antes de avançarmos para o estudo dos benefícios desses novos negócios, também é preciso evidenciar qual é o tamanho da onda na qual vivemos hoje. Conforme apontou um estudo da McKinsey, os investimentos em startups de seguros não pararam de crescer nos últimos anos.
Para se ter uma ideia, em 2011, o valor total investido foi de aproximadamente US$140 milhões. Já em 2013, essa marca superou os US$270 milhões para depois chegar, em 2015, ao patamar de US$2,7 bilhões de dólares em investimentos.
Esse crescimento consistente ao longo do tempo aumentou em cinco vezes o valor médio alocado em cada insurtech, evoluindo de US$5 milhões de dólares, em 2011, para US$22 milhões, no ano de 2015.
Outro dado que corrobora esta revolução no mercado de seguros são os números disponibilizados por José Prado, criador do site Conexão Fintech e idealizador do evento Insurtech Brasil 2018. Eles mostram que, entre 2017 e 2018, o número de insurtechs brasileiras mapeadas pelo site saltou de 27 para 57.
Ainda sobre características desse mercado, um estudo da Accenture sobre investimentos globais no setor de tecnologia de seguros revela que, dentre os nichos mais populares em 2017, 42% correspondem a segmentos patrimoniais e de acidentes. Já os seguros pessoais representaram 68% dos investimentos.
A boa nova dessa movimentação intensa de investidores, empresas e soluções é que não se trata apenas do aumento do volume financeiro das negociações no mercado. Além dos investimentos realizados, existe um progresso real na digitalização dos negócios e do incremento de opções que, além de vender seguros, apólices e coberturas, acabam por melhorar a qualidade de vida das pessoas.
Quais são os benefícios das insurtechs para o mercado de seguros?
Conforme as insurtechs avançam suas fronteiras de negócio, cada vez mais pessoas se surpreendem pela simplicidade das novas formas de contratação. Confira, a seguir, alguns exemplos sobre como a tecnologia presente nesse modelo de startup acaba por favorecer tanto a qualidade dos produtos quanto a experiência geral do cliente.
1. Menos burocracia
A cultura data driven presente nas insurtechs procura subsidiar a tomada de decisões por meio da utilização da grande quantidade de informações geradas ao longo do dia. Assim, todo o potencial presente na análise de dados é aproveitado para melhorar as ações e estratégias da empresa, aumentando também as chances de sucesso dos produtos e das técnicas de trabalho.
Tal processo de otimização gera um aumento da eficiência e uma consequente redução da burocracia. Na prática, isso se traduz em mais facilidade para contratação, manutenção e cancelamento do seguro. Diferentemente das empresas tradicionais, por exemplo, nessas startups, o cancelamento pode ser solicitado a qualquer momento, sem cobranças de taxas, multas e outras dores de cabeça para o cliente.
2. Acessibilidade financeira
O valor da mensalidade é outro grande benefício em uma insurtech. Devido à tecnologia de análise de risco, a oferta de um seguro é cada vez mais adequada ao perfil do solicitante, tendo em vista o seu histórico pessoal e profissional, fase de desenvolvimento, estilo de vida, hábitos e comportamentos.
Ao evitar generalizações sobre perfis e grupos de pessoas, é possível ofertar soluções na medida, dentro de um custo aceitável, com um preço final ao cliente muito competitivo. Tudo isso gera acessibilidade financeira, que nada mais é do que ampliar o acesso a esse tipo de produto a quem nunca o adquiriu antes.
Contudo, é de praxe no mercado que o valor para pagamento de um seguro passe por ajustes. Assim, tanto o capital segurado quanto o valor da mensalidade variam conforme o avançar da idade. Nas startups, esses reajustes são pequenos e avisados com muita antecedência.
3. Personalização dos serviços
Com o amplo uso de mecanismos para automação, aprendizado de máquina (machine learning) e business intelligence orientados para análise de dados, as insurtechs conseguem desenvolver estratégias inteligentes para personalização das suas ofertas ao mercado. Como exemplo, observamos que nas empresas tradicionais, na contratação de um seguro para veículo, o parâmetro de análise utilizado para definir o valor de pagamento das parcelas são os dados preenchidos na cotação.
Isso é um problema, pois um bom motorista acaba sendo nivelado por baixo, pagando o mesmo valor que todos os condutores ou que utilizam o veículo por mais tempo do que ele. Por meio do uso de algoritmos, as startups seguradoras conseguem personalizar o serviço, adequar os planos de pagamento e beneficiar os melhores motoristas.
4. Clientes satisfeitos
Clientes satisfeitos são a base de qualquer negócio de sucesso. Porém, para atingir esse nível, é preciso investir em técnicas de análise de mercado e de fidelização, como o downsell.
Nesse caso, flexibilizar é preciso. Afinal, em períodos de crise, a desistência da aquisição de determinados produtos ou serviços é muito comum, fazendo com que estratégia de relacionamento menos rígida e mais voltada à perspectiva de retorno no longo prazo apresenta ótimos resultados.
Como vimos, o setor de seguros vem passando por mudanças significativas ao longo dos anos. Oportunidades de aprimoramento de processos, produtos e métodos de trabalho têm gerado um verdadeiro reavivamento do mercado.
Sendo assim, adequar as ofertas, reduzir custos e burocracias e garantir a acessibilidade financeira são alguns dos exemplos de como uma insurtech utiliza a tecnologia ao seu favor, ao mesmo tempo em que aprimora as ofertas aos clientes e revoluciona a forma como consumimos esse tipo de serviço.
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