O que são Deep Techs e como vão impactar o futuro?
A ideia de que empresas de todos os segmentos precisam adotar ferramentas tecnológicas para se manterem relevantes e mais produtivas não é nenhuma novidade, certo?
Então, a questão é o quanto a tecnologia pode ajudar empreendimentos e setores a ir além de automatizar processos, passando a revolucionar um mercado ou até mesmo impulsionar o surgimento de um nicho completamente novo. Essa é a proposta das Deep Techs.
Hoje em dia, temos a sensação de que se passarmos alguns dias sem se informar ou ler notícias, estaremos perdendo muita coisa, e isso é um pouco verdade. O futuro está sendo escrito agora, e as mudanças acontecem mais rápido do que nunca. Nesse processo de escrita, as Deep Techs querem reformular o conceito de inovação.
Deep Techs são negócios, na sua maioria startups, que aplicam pesquisa tecnológica complexa para propor soluções inéditas para problemas complexos ou impulsionar a transformação. Se você quer saber mais sobre o assunto e como essas startups funcionam, continue a leitura!
Sumário
O que são as Deep Techs e como elas funcionam?
O surgimento do termo Deep Tech é atribuído à Swati Chaturvedi, que é CEO da Propel(x), uma plataforma de investimentos. Para a empreendedora, a função das Deep Techs é essencialmente tangibilizar descobertas científicas e inovações de engenharia, com o intuito de aplicar essa tecnologia no desenvolvimento de soluções pioneiras que visam auxiliar em questões crônicas de nossa sociedade.
Alguns desses desafios podem ser problemas climáticos, doenças (a própria Covid-19 é um exemplo, como veremos), produção de alimentos, desigualdade de acesso à educação, mobilidade nas grandes cidades, entre outros.
A diferença das Deep Techs para outras empresas inovadoras é que elas carregam um grande potencial de mudança. Suas soluções são capazes de se materializar em mudanças radicais e profundas que impactam a sociedade, por isso sua relevância.
O termo Deep Tech também é associado à Hard Technology (em tradução livre, tecnologia profunda). Ambos os conceitos apontam para empresas ou ecossistemas que propõem destrinchar tecnologias complexas para entregar soluções de alto impacto.
Por isso, Deep Techs, em geral, são criadas em laboratórios ou universidades, por grupos de cientistas e pesquisadores comprometidos em aplicar seu conhecimento para expandir as possibilidades já existentes no mercado.
Em linhas gerais, as Deep Techs promovem uma ponte entre a “ciência complexa e difícil” e os investidores, mostrando que todo esse processo de pesquisa tecnológica tem o potencial para virar negócio e ainda mudar o mundo.
Quais são as principais categorias de investimentos?
Deep Techs podem surgir em diferentes nichos. Uma forte categoria é a biotecnologia, e um exemplo notável e atual do potencial dessas iniciativas foi a parceria entre a Deep Tech BioTech e a Pfizer, que possibilitou o desenvolvimento de uma vacina eficiente e acessível em tempo recorde para a Covid-19.
Outros tipos de investimentos que se destacam são:
- Inteligência Artificial (IA);
- robótica;
- drones;
- internet das coisas;
- blockchain.
Quais as características das Deep Techs?
As Deep Techs são marcadas pelos seguintes aspectos:
- tempo e escala: a tecnologia profunda requer tempo para se desenvolver e atingir uma maturidade suficiente para que a solução ganhe escala;
- investimento: Deep Techs, em geral, demandam muito capital, especialmente no início, em que se investe mais recursos em equipamentos, material, pesquisa, prototipagem, validações, entre outras etapas;
- impacto: as soluções propostas por Deep Techs visam radicalizar seus nichos, causando disrupção em determinado mercado ou até mesmo provocando o surgimento de novos nichos, ecossistemas, demandas ou atores;
- foco em um problema real: um grande propósito desse modelo de negócios é fazer com que a inovação científica tenha convergência para o real, viabilizando soluções que possam mudar a vida das pessoas para melhor.
Quais os desafios a serem superados?
Uma vez que as Deep Techs visam atacar grandes problemas da vida cotidiana, como questões ecológicas ou socioeconômicas, é de se imaginar que elas enfrentem percalços em sua operação.
Um estudo da Boston Consulting Group (BCG) resumiu esse desafio, apontando os quatro obstáculos proeminentes:
- remodelar processos para possibilitar que a ciência e a tecnologia encontrem a prática para resolver problemas;
- conseguir ultrapassar as barreiras dos laboratórios e ambientes de pesquisa e mobilizar governos, empresas e instituições para que as Deep Techs se convertam em um negócio relevante;
- ganhar escalabilidade;
- ter acesso a uma fonte de financiamento robusta que assuma os riscos (o que acaba, infelizmente, concentrando maior parte das Deep Techs em países mais ricos).
Qual é a realidade das Deep Techs no Brasil?
No momento, o Brasil sofre com um cenário em que altos cortes no investimento à pesquisa científica e à tecnologia provocaram queda no desenvolvimento e evolução das Deep Techs.
Apesar de iniciativas via hubs de inovação e gestoras, startups nacionais desse ramo precisam lidar justamente com um dos desafios citados pela pesquisa do BCG: a falta de investimento. Além disso, existe um desafio a ser superado em relação à falta de conhecimento e ao distanciamento que existe entre o mundo acadêmico e o dos negócios.
Deep Techs funcionam em uma dinâmica diferente de outras startups. Logo, investidores precisam se aproximar desses ecossistemas para entender o modelo e conseguir encontrar uma forma de construir junto com os pesquisadores um formato que atenda às demandas do mercado.
Quais são as tendências e oportunidades?
Oportunidades não faltam para o surgimento de novas Deep Techs, mas os setores mais promissores apontam para:
- transporte e mobilidade urbana;
- tecnologia médica, especialmente em função da sensibilização geral em relação à saúde física e mental;
- tecnologia quântica e energia nuclear;
- energia renovável;
- tecnologia agrícola (para melhorar o rendimento de safras e colheitas).
A união entre os negócios e a pesquisa científica profunda se materializa nas Deep Techs, que estão despertando o interesse dos investidores e do mercado pelo seu enorme potencial revolucionário de redesenhar o futuro.
Apesar dos desafios e da complexidade, a possibilidade de transformar empresas, segmentos e a vida em sociedade com o apoio da tecnologia e do conhecimento é algo estimulante. Portanto, as Deep Techs prometem ficar ainda mais em evidência nos próximos anos.
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