Agrotech: o que você precisa saber sobre o segmento?
O universo empreendedor conta com a ajuda de diversas tecnologias, mas isso não deve ser novidade para você. Afinal, essas inovações estão revolucionando todos os mercados — o que inclui o agronegócio. A prova disso são as empresas de agrotech. Você já ouviu falar delas?
As agrotechs são organizações voltadas para a agricultura que usam a tecnologia para auxiliar nos processos. Embora seja um movimento novo no mercado, esses negócios tracionaram muito nos últimos anos e estão se tornando cada vez mais comum no mercado brasileiro.
Segundo a Comissão Brasileira de Agricultura de Precisão, 70% das propriedades agrícolas já usam alguma inovação tecnológica. Esse dado revela o quanto as agrotechs estão revolucionando a agricultura. A seguir, você conhecerá os principais pontos que você precisa saber sobre esse segmento! Vamos lá?!
Sumário
O que é uma agrotech?
De forma direta, as agrotechs são definidas como startups que usam soluções tecnológicas na agricultura, no agronegócio e na pecuária. Elas promovem uma grande mudança nesse nicho de mercado por meio da revolução digital. Atualmente, no Brasil, existem cerca de 300 empresas desse tipo.
E por que elas têm revolucionado tanto o mercado? Porque otimizam diversos processos e resolvem problemas presentes nesse segmento. Uma das principais aliadas nisso é a tecnologia. Segundo uma pesquisa da TNS Research, empresas que destinam recursos à inteligência artificial geram 53% mais de receita em comparação às que não fazem. Esse dado se aplica também ao agronegócio, por isso as agrotechs são tão revolucionárias.
Elas impulsionam resultados, o que é extremamente significativo para o país, visto que o agronegócio retrata 20% do PIB do Brasil e é responsável por 50% das exportações nacionais. Trata-se de um dos principais motores da economia.
Dessa forma, quanto mais a tecnologia entra no agronegócio, mais o setor traciona. Entretanto, apesar de todos os grandes passos positivos que surgiram nos últimos anos, a agricultura foi uma das últimas áreas a serem impactadas por essas inovações — por isso, esse movimento ainda está em expansão, mas progredindo rapidamente devido às agrotechs, que têm rompido diversas barreiras e sido uma força motriz no agronegócio.
Quais são os objetivos de uma agrotech?
Fatores como clima e solo sempre foram um grande desafio para os agricultores, uma vez que não podem ser controlados. Nesse sentido, as agrotechs surgiram com a proposta de colocar a tecnologia a serviço dessa área de produção, a fim de ajudar os empresários da área a preverem situações que antes não podiam ser previstas para que, assim, consigam agir antecipadamente.
Portanto, pode-se dizer que o objetivo das agrotechs é fazer com que as produções agrícolas se tornem cada vez mais sustentáveis e preparadas para lidar com as alterações climáticas que estão ocorrendo em todo o mundo, mantendo a qualidade dos produtos.
Como funcionam?
A ideia por trás das agrotechs é desenvolver novas ferramentas que sejam capazes de otimizar o serviço realizado pelos agricultores e pecuaristas. Para que isso seja possível, elas investem no desenvolvimento de softwares que ajudam na gestão agrícola, pesquisam como a IoT pode contribuir para com o desenvolvimento do setor, além de trazerem melhorias para a agricultura de precisão.
A atuação das agrotechs não para na criação de recursos tecnológicos para o segmento agropecuário, pois elas também oferecem consultorias aos proprietários de agronegócio e serviços que auxiliam na manutenção da segurança dos processos relacionados à indústria do campo.
Uma vez que as agrotechs possibilitam o monitoramento preciso das atividades agropecuárias, elas identificam e solucionam problemas com maior agilidade, tornando essa área de trabalho muito mais previsível e eficiente.
Qual a realidade das agrotechs no Brasil?
O Brasil é um terreno fértil para o tracionamento das startups, pois estamos falando do país que produz alimentos capazes de alimentar 1,6 bilhão de pessoas, conforme um levantamento da Embrapa. Um Mapeamento do Ecossistema, realizado pela Associação Brasileira de Startups (Abstartups), apontou que as agrotechs estão em terceiro lugar entre os segmentos de startup mais comum nacionalmente, com uma porcentagem de 11,8%, perdendo apenas para as áreas de educação, saúde e bem-estar.
O estudo também revelou que a maior parte das agrotechs brasileiras (40,8%) está localizada na região Sudeste. No entanto, nos últimos anos tem sido registrado um crescimento de 36,9% no Sul e 14,6% no Centro-Oeste.
Como se trata de um segmento que já se consolidou no mercado, 42% das agrotechs já estão tracionando e escalonando seus negócios. Outras 29,9% que ainda estão validando as suas atividades apresentam forte potencial de crescimento.
Quando o assunto é o tipo de serviço prestado, o levantamento mostra que 72,6% das agrotechs brasileiras atuam em soluções que fazem parte da categoria ‘’dentro da porteira’’, que compreende a produção e gestão dos processos agrícolas, como manutenção de máquinas, plantio e mão de obra.
Como as tecnologias estão sendo utilizadas?
Após saber que as tecnologias chegaram com tudo no mercado agro, a sua principal dúvida agora deve ser: como elas estão sendo usadas? Falaremos sobre isso com diversos exemplos práticos. Mas, antes, explicaremos como surgiram as soluções tecnológicas.
Se existe a palavra solução, existe também a palavra problema, não é mesmo? E isso explica bem a razão pela qual as tecnologias existem. O agronegócio passa por diversas situações que são difíceis de controlar, como o tempo, as alterações climáticas, entre outras.
As soluções tecnológicas permitem que essas variáveis sejam mais controláveis, afinal os problemas nunca deixarão de existir, o que devemos fazer é saber como otimizar os processos. E as seguintes tecnologias são uma forma de otimizar, acelerar e desenvolver tudo isso.
Na agropecuária de precisão
Trata-se de práticas da agricultura que precisam analisar dados físicos, químicos e biológicos da geografia local para determinar as melhores condições de cultivo. As agrotechs que atuam nessa área obtêm dados do campo, que auxiliam os produtores a executar as melhores atividades para determinada época. Em 2020, a Business Insider estimava que mais de 500 mil dados poderiam ser gerados por uma fazenda em um dia.
No controle biológico
Controlar as pragas que atacam uma plantação é uma atividade difícil, mas as agrotechs conseguem otimizar esse processo por meio de variantes biológicas e químicas que as combatem sem prejudicar as plantações.
No diagnóstico de imagem
O diagnóstico de imagem são plataformas que realizam uma análise óptica de um ambiente para identificar os fatores biológicos, físicos e químicos daquele local e identificar os padrões.
Na economia compartilhada
As startups desse tipo trabalham alugando equipamentos e máquinas para produtores. Essa é uma atividade extremamente necessária, pois, para alguns produtores, ter os próprios equipamentos e tecnologia na crise ficou menos acessível, tendo como única opção alugar.
Na fertilidade do solo
Um solo fértil e bem nutrido é um prato cheio para as plantações. As agrotechs que atuam nessa parte de fertilização usam soluções que buscam melhorar o solo para o crescimento e o desenvolvimento das plantações.
Na biotecnologia
Empresas dessa área trabalham no desenvolvimento de tecnologias de substâncias que melhoram as plantas geneticamente.
Na consultoria
Para além do oferecimento de ferramentas tecnológicas em si, algumas agrotechs também prestam consultoria tanto de análise técnica quanto de finanças para os empresários do agronegócio, com o intuito de identificar pontos de melhorias que podem tornar as suas atividades mais competitivas.
Internet das Coisas
Segundo a Business Insider, até 2020, haveria 75 milhões de dispositivos agrícolas que usariam a Internet das Coisas. Também conhecida como IoT, essa tecnologia permite a conexão de diversos aparelhos que se comunicam sobre os processos agrícolas. A startup Plenty é uma grande referência nessa área.
Quais são os benefícios?
Agora que você já sabe o que são as agrotechs e como elas usam as tecnologias, vamos contar quais os benefícios dessas startups e como elas contribuem socialmente.
Uma questão vigente hoje é que muitos produtores não conseguem lidar com a alta demanda de produção. Nos próximos anos, isso pode ficar ainda mais difícil, visto que as Nações Unidas projetam que em 30 anos a população que vive em áreas urbanas crescerá para 66%, um aumento de quase 2,5 bilhões de pessoas.
Diante desse cenário, a integração das fazendas com tecnologias se torna uma ótima solução para otimizar essas produções agro em cada uma das suas etapas. Isso pode solucionar um desafio futuro, que é a alta demanda para a alimentação humana. Segundo a ONU, para suprir essa demanda será necessário que as produções aumentem em 70% até o ano de 2050.
E não apenas isso: as agrotechs também contribuem para diversas outras questões sociais futuras. Você confere alguns dos outros benefícios a seguir.
Planejamento e antecipação
Um dos desafios das produções agropecuárias era a dependência de questões físicas, químicas ou biológicas, como o clima. Agora, com o auxílio das tecnologias aplicadas nesse setor, é possível saber qual o melhor momento de cultivo e assim ter um planejamento e se antecipar para possíveis cenários.
Produção
A agricultura exige muita produtividade. Nos próximos anos, isso tende a aumentar, e o perfil empreendedor brasileiro sabe melhor que ninguém o quanto é importante se prevenir em relação a desafios futuros. É possível aumentar a produtividade com o auxílio de ferramentas que melhoram o manejo.
Acompanhamento em tempo real
Por fim, o uso de ferramentas permite o acompanhamento em tempo real. Com elas, é possível captar dados, além de automatizar e rastrear as plantações. Satélites e drones são bons exemplos de ferramentas que auxiliam no acompanhamento em tempo real e geram dados importantes para análise.
Quais são as principais tendências ligadas à agrotech?
O Censo Agtech revelou que 70% das agrotechs brasileiras acreditam que suas soluções são extremamente inovadoras. Essa é uma tendência desse setor, pois os empreendedores têm buscado soluções criativas e disruptivas que, de fato, sejam eficientes operacionalmente. Algumas das outras atividades que são tendência são:
- uso de robôs: atividades como povoar campos, monitorar lavouras, identificar a eficiência das safras futuramente poderão ser observadas por robôs;
- biotecnologia e agricultura: essa tendência busca levar soluções e ajudar na rentabilidade das produções;
- sistemas autônomos: outra tendência é o uso de softwares que cuidam da gestão e otimizam o trabalho dos produtores;
- reconhecimento de bovinos por imagem: utiliza câmeras instaladas no local e Inteligência Artificial para identificar cada animal presente no local;
- tratores autônomos: são veículos que podem ser controlados por um smartphone ou tablet, que contam com a instalação do mapa da propriedade e instruções do que devem fazer.
As agrotechs são o futuro do setor da agricultura. Como mencionamos, esse segmento tem crescido muito nos últimos anos e sido um dos pioneiros em resolver questões atuais e desafios futuros relacionados à alimentação sustentável, garantindo a produção em alta escala e produtividade no campo.
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