O que podemos esperar do futuro da inovação aberta?
Um conceito ainda pouco falado no Brasil, mas que é essencial para a vantagem competitiva das empresas. A inovação aberta — ou Open Innovation — é um modelo de gestão de negócio voltado para o desenvolvimento colaborativo de projetos.
O objetivo é alcançar a disrupção por meio do compartilhamento de ideias e da descentralização da mentalidade inovadora. Assim, o sistema prevê a contribuição de aceleradoras, incubadoras, universidades, startups, empresas de grande porte etc. com foco na criação de produtos diferenciados para o mercado.
Com essa mudança de mindset, é possível atingir novos patamares, aliando empreendedorismo e inovação. Isso porque as parcerias externas acabam com a limitação intelectual existente no desenvolvimento de qualquer projeto.
Afinal, há uma ampliação na quantidade de pessoas envolvidas, o que gera mais inovação, criação de soluções e até reinvenções. Portanto, existe uma diferença significativa entre inovação aberta e fechada.
Enquanto a primeira foca a contribuição de parceiros externos, a segunda utiliza apenas os recursos internos da empresa. Ou seja, precisa lidar com a limitação intelectual e criar uma equipe de alta performance para atingir bons resultados.
Papel das startups
O Open Innovation preza pela união entre inovação e tecnologia. No entanto, vai além com uma abordagem diferenciada e mais bem distribuída entre os stakeholders, focando a participação e a descentralização.
Isso requer uma simbiose em que uma empresa se beneficia do capital intelectual de outras instituições. Ao mesmo tempo, forma-se um ecossistema de inovação, no qual as startups têm um papel fundamental.
Na realidade, esses negócios constituem o principal pilar da inovação aberta, justamente por terem no seu cerne a criação de ideias. Com isso, empresas tradicionais podem se beneficiar, reduzindo o tempo de desenvolvimento e comercialização de produtos e serviços. Outra vantagem é a diversidade na equipe, que traz vantagens na criação um time de alta performance.
Apesar dessa importância, o Brasil ainda tem muito a evoluir quando o foco é o Open Innovation. Isso é verificado pelos dados da Pesquisa de Inovação (Pintec) 2017, divulgada pelo IBGE em 2021.
Segundo o levantamento, somente 33,6% executam algum tipo de inovação em processos ou produtos. Essas empresas distribuíram os investimentos da seguinte forma:
- R$ 67,3 bilhões em atividades inovativas, representando 1,95% da receita líquida das vendas;
- R$ 25,6 bilhões destinados para atividades internas de pesquisa e desenvolvimento (P&D);
- R$ 21,2 bilhões aplicados na compra de máquinas e equipamentos;
- R$ 7 bilhões na aquisição externa de P&D.
Por isso, existe uma necessidade de investir mais tanto na inovação quanto no modelo aberto, de maneira mais específica. Afinal, essa é uma saída para as empresas se destacarem e conquistarem espaço no mercado.
Futuro e implementação da inovação aberta
É fundamental que as empresas sigam o caminho da inovação aberta. Em um mundo globalizado, é impensável restringir o capital intelectual às equipes internas da empresa. Nesse contexto, o compartilhamento de conhecimentos é a trilha para o sucesso.
Isso passa pelo desenvolvimento de várias redes, como as de fornecedores, parceiros, distribuidores e outros stakeholders. Além disso, abrange o fortalecimento dos ecossistemas de inovação e tecnologia.
Nesse cenário, a inovação aberta continuará sendo aplicada, mas precisa de um fortalecimento no Brasil. As mudanças culturais, estruturais e operacionais são bem-vindas, especialmente quando se referem a modelos de financiamento e de negócio, investimento e sustentabilidade.
Alguns destaques nesse sentido são os hackathons, a realização de parcerias e a busca de novas oportunidades devido à visão disruptiva. Tudo isso permite fazer uma análise holística do negócio, encontrar pontos de melhoria e aspectos em que já se é referência.
Outra vantagem é o valor agregado devido ao compartilhamento de conhecimentos. Essa característica gera novas funcionalidades e um mindset diferente, que costuma atender a demandas específicas do mercado.
Ou seja, o conhecimento ultrapassa os muros da empresa. O capital intelectual deixa de ser restrito e oferece espaço para a disrupção. Um exemplo de melhoria é a união de físico e digital no varejo.
Portanto, essa é uma forma da empresa estar adequada às tendências de mercado e às demandas do consumidor. Inclusive, melhora a experiência do cliente, já que ele pode interagir com esses dois âmbitos de negócio ao mesmo tempo.
No que se refere ao financiamento para o desenvolvimento de projetos, ele pode ser conseguido de diferentes maneiras. De todo modo, é importante fortalecer os ecossistemas de inovação e contar com o auxílio de aceleradoras, que fazem a intermediação entre empresas, startups e outros stakeholders.
Um destaque são as Venture Builders, ou fábricas de startups. Esses modelos de negócios são totalmente inovadores, porque as organizações atuam de forma ativa na construção da startup. Isso abrange desde a idealização até sua abertura para o mercado, a fim de antecipar os erros, controlá-los e ter acesso a capital.
Ainda há as práticas de sustentabilidade, social e governança ganham evidência no ecossistema da inovação aberta. As startups devem buscar soluções inovadoras para reduzir os impactos no meio ambiente e se ajustarem às demandas sociais.
Adequação ao Open Innovation
As empresas que ainda não trabalham com o conceito de inovação aberta precisam mudar seu cenário. Caso contrário, estão fadadas a perder vantagem competitiva. Para trabalhar esse aspecto, é necessário focar algumas maneiras de implantar o Open Innovation.
A primeira delas é ter agilidade. O ideal é ter uma pessoa responsável pelo projeto de inovação aberta, a fim de estar em contato com a startup e a liderança. Isso garante decisões rápidas e um fluxo de trabalho bem resolvido. Nesse sentido, é essencial realizar reuniões curtas e frequentes.
A personalização também é importante, contando com a ajuda de parceiros quando necessário. Nesse processo, lembre-se de aprender de forma contínua com os aprendizados e os conhecimentos gerados ao longo do tempo. Isso ajuda a fortalecer a cultura de inovação e a implementar métodos ágeis.
Por fim, promova a autonomia e tenha uma visão de longo prazo. O mindset precisa ser modificado, já que a inovação tem uma cultura diferente. Portanto, é importante adequar o modelo de trabalho, inclusive implementando a metodologia ágil.
Sem contar que o Open Innovation é um processo contínuo voltado para o longo prazo. Portanto, além de aguardar os resultados, é importante realizar uma avaliação ao final da experiência para identificar as oportunidades de melhoria.
Em resumo, a inovação aberta é um caminho já trilhado e que é impossível retornar. A dúvida é: sua empresa o seguirá ou perderá vantagem competitiva? A opção é uma só.
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