Perfil do empreendedor brasileiro: entenda as principais características e desafios
O povo brasileiro é conhecido por sua criatividade e persistência. Por isso, ao longo dos anos, diversas pessoas encontraram realização em conseguir ter um negócio próprio. Enquanto muitos buscam esse caminho por opção, outros, por conta de diferentes contextos e oportunidades, empreendem por necessidade. São esses e outros múltiplos aspectos que formam o complexo e diverso perfil do empreendedor no Brasil, que está em constante mudança e evolução.
Uma das principais fontes de informação sobre o assunto vem da pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM), que no país é conduzida em parceria entre o Sebrae, a FGV (Fundação Getúlio Vargas) e o IBQP (Instituto Brasileiro Qualidade e Produtividade). O relatório GEM mostrou que existem mais de 49 milhões de empreendedores ativos no Brasil. Ao mesmo tempo, o estudo apontou que apenas 17,9% da população sonha em ter o seu próprio negócio.
Em contrapartida, 56,5% afirmam conhecer pessoalmente alguém que começou um empreendimento nos últimos anos. Afinal, quais são as facetas do perfil do empreendedor brasileiro e que lutas ele precisa travar para manter um negócio lucrativo e sustentável? Continue a leitura e saiba mais sobre o assunto!
Sumário
O que é ser empreendedor?
A escolha de empreender pode ser explicada por diversas perspectivas. Entre elas, a mais comum afirma que ser um empreendedor significa ser alguém com capacidade para criar ideias por meio de sua imaginação e implementá-las por meio da criatividade.
Além dessa definição mais formal de tal atividade, empreender também envolve assumir riscos, defender suas ideias e trabalhar diariamente para criar um negócio que consiga atender as necessidades ou dores de um público.
Portanto, para muitos brasileiros, escolher esse caminho é um sinônimo de liberdade e conforto financeiro, mas que demanda uma dedicação constante para o desenvolvimento da empresa e o aumento de sua competitividade.
Quais são as principais características que compõem o perfil do empreendedor brasileiro?
De acordo com o relatório de 2017, a taxa total de empreendedores é de 36,4%. Isso significa que, de cada 100 brasileiros adultos, 36 deles estão conduzindo seu próprio negócio em algum estágio de desenvolvimento, seja ele inicial, seja consolidado.
Dentro desse contexto, existem alguns parâmetros que podemos analisar para entender melhor quem é o empreendedor brasileiro. Veja alguns deles.
Gênero
Considerando a população do país, o perfil do empreendedor é formado por 37,9% de homens e 35% de mulheres. Pode-se perceber que existe uma ligeira diferença entre os gêneros. No entanto, quando o assunto são os empreendimentos iniciais, mulheres saem um pouco na frente, representando 20,7% — em comparação aos 19,9% dos homens.
Faixa etária
Jovens de 25 a 34 anos se destacam sendo os mais ativos na geração de negócios, representando 42,2% da população. Junto ao grupo de 18 a 24 (23,6%), somam mais de 15 milhões de brasileiros empreendedores. Segmentos de 35 a 44 anos e 45 a 54 anos também não ficam muito atrás: apontam 39,6% e 40,7%, respectivamente.
Ademais, são grupos com resultados expressivos em relação a negócios já estabelecidos (20,6% e 25,9%). A faixa entre 55 e 64 anos tem um bom número de empresários (32,3%), mas são os que menos se arriscam a abrir novos empreendimentos (10,3%).
Nível de escolaridade
Outro ponto importante para entender o perfil do empreendedor brasileiro é o nível de escolaridade. Um dado que chama atenção é que os grupos mais ativos são compostos por pessoas com ensino fundamental incompleto e completo. Juntos, somam 78,4%.
Esses empresários também apresentam números mais expressivos de negócios iniciais e consolidados. Os que têm ensino superior completo ou mais são os que menos empreendem (30,7%), não muito distante dos que concluíram o ensino médio (34,4%).
Renda familiar
53,6% dos empreendedores têm renda de mais de 6 salários mínimos. Esse grupo também é o que apresenta atividade mais intensa, no que se refere a negócios estabelecidos (39,5%). Os outros segmentos são mais equilibrados:
- 38,8% recebem até um salário-mínimo;
- 32,8%, de 1 a 2;
- 36,8%, entre 2 e 3;
- 39,3%, de 3 a 6.
Quais são os desafios mais comuns de se empreender no Brasil?
Na pesquisa conduzida pelo Global Entrepreneurship Monitor (GEM), especialistas apontaram que os três fatores limitantes para empreender no Brasil são:
- questões relacionadas a políticas governamentais (86,7%);
- falta de programas de incentivo e apoio financeiro (45%);
- contexto de crise política e econômica (28,3%).
De fato, os assuntos assinalados pelos profissionais consultados são dilemas que precisam ser enfrentados por empresários na conjuntura nacional. No mais, veja uma lista com mais alguns desafios que merecem destaque.
Gestão de pessoas
Coordenar pessoas, mantê-las motivadas e alinhadas com os objetivos e estratégias traçadas são grandes desafios para qualquer empresa, especialmente, para startups e pequenos empreendimentos. Isso porque ainda estão amadurecendo sua cultura organizacional e modelo de negócios.
Complexo sistema tributário e burocracias
A legislação brasileira é conhecida por ser intrincada, de modo que o empreendedor deve ter muita atenção sempre para não sofrer punições com multas e taxas extras. No mais, a carga tributária no país também é notoriamente alta, o que coloca um peso a mais na gestão financeira.
Marketing e vendas
Dores frequentemente assinaladas pelo empreendedor brasileiro estão ligadas ao marketing e vendas, no sentido de conseguir fazer um bom trabalho de divulgação, gerar leads e garantir a satisfação do usuário e reter clientes.
Quais são as razões para empreender no Brasil?
Apesar de ter vários desafios para serem superados, também existem diversos motivos que fazem do Brasil um ótimo lugar para começar um empreendimento. Abaixo, listamos os principais:
- boas oportunidades: há diversos mercados pouco explorados ou com possibilidades de se diferenciar da concorrência. Desse modo, existem ótimas oportunidades para lucrar;
- condições diferenciadas: ao optar por empreender, é possível ter condições diferenciadas para obter crédito, melhorar resultados e em vários outros fatores;
- flexibilidade: outro grande motivo para empreender no Brasil é a flexibilidade. Por exemplo, por meio dessa atividade você pode determinar seus horários e ter mais liberdade;
- melhora da vida financeira: o quesito dinheiro também representa uma bela razão para empreender. Por meio de uma boa ideia, é possível melhorar sua qualidade de vida e bem-estar;
- educação empreendedora: há diversas organizações prontas para ajudar sua empresa a crescer e oferecer o conhecimento necessário para gerenciar o negócio, sem contar nos inúmeros livros para empreendedores;
- diversidade de público: como o país é de dimensões continentais, há consumidores para todas as ideias bem elaboradas;
- construção de relacionamentos: é possível construir uma rede de apoio e se relacionar com diversas pessoas, criando vínculos e ajudando os indivíduos. Um caso especial nesse sentido é o empreendedorismo social;
- prestígio profissional: se você está com dificuldade de alavancar sua carreira, optar por empreender é uma boa possibilidade de conquistar sucesso profissional;
- boas expectativas de crescimento: com uma boa ideia e por meio de ações efetivas, é possível fazer o negócio crescer e conquistar uma lucratividade cada vez mais alta; e
- visão ampliada: como consequência de todas as razões acima, é possível ter uma visão ampla das oportunidades do mercado e, consequentemente, direcionar o seu estabelecimento para o melhor caminho.
Viu como não faltam motivos para você começar sua empresa agora mesmo? Com uma ideia inovadora, capital para investir e tirar seus planos do papel, é possível obter sucesso na jornada empreendedora.
O que é importante ter em mente para empreender no Brasil?
Apesar dos desafios, o empreendedorismo cresce em território nacional. Para ter sucesso, confira algumas dicas fundamentais, a seguir.
Compartilhe sua ideia
Muitos não gostam de compartilhar com outros amigos sobre sua ideia de negócios, com medo de que alguém vá roubá-las. Na verdade, quanto mais o empreendedor aproveitar oportunidades para falar sobre o assunto e aumentar o network, melhor: ele vai colher feedbacks valiosos e diferentes pontos de vista que ajudarão a ver falhas e pontos de melhora em seu projeto.
Valide suas hipóteses
Metodologias de modelagem rápida — como Lean Startup, Canvas e Design Thinking — orientam empreendedores a criar protótipos dos serviços ou produtos que eles desejam vender para validá-los com o público. Essas abordagens são muito úteis, pois ajudam a colocar a mão na massa e aprender mais rápido com seus erros, à medida que seu negócio ganha tração.
Procure investidores ou aceleradoras
Aceleradoras de startups agregam muito valor ao desenvolvimento de negócios, uma vez que elas oferecem suporte, mentoria, treinamentos, ferramentas e táticas que ajudam o empreendedor a evoluir. Ademais, elas oferecem boas oportunidades para o empresário reforçar o networking e conseguir diferentes tipos de investimentos.
Tenha foco
Crie uma rotina e utilize ferramentas que facilitem a gestão de suas atividades (Trello, Airtable, Pipefy, entre outras). Não mude o foco do seu negócio sempre que alguma grande empresa solicitar. Apesar de sua equipe ser (provavelmente) muito enxuta, determine os papéis de cada um. Foque o que é mais importante e saiba priorizar as atividades!
Quais os principais tipos de empreendedores no Brasil?
Considerando a população total dos países, o Brasil é uma das nações mais empreendedoras do mundo, com cerca de 8 milhões de microempreendedores individuais. Os dados são da pesquisa realizada pelo GEM.
Ainda segundo a mesma instituição, nos últimos 10 anos, houve um aumento de três vezes no número de empreendedores, partindo de 14,6 milhões, em 2007, e chegando em 2018 com mais de 50 milhões.
Porém, essa estatística esconde uma realidade social muito desafiadora, chamada de empreendedorismo por necessidade, em contraste com aquele adotado por oportunidade. Empreender por necessidade significa a criação de um negócio autônomo com o objetivo exclusivo de obter meios de subsistência.
Por outro lado, o empreendedorismo por oportunidade representa a opção por essa atividade com a finalidade de gerar mais renda ou independência. No Brasil, a maior parte dos empreendedores exercem o seu trabalho por necessidade, ou seja, porque precisam desses meios para sobreviver.
Essa realidade revela muito sobre o real tratamento do país com a sua classe produtiva, marcada também pelo excesso de burocracia, altos impostos e ingerências, que minam o desenvolvimento das empresas e das famílias. Após esse destaque, vamos conhecer os principais tipos de negócios em que atuam os empreendedores do nosso país. Confira!
MEI: Microempreendedor Individual
A figura do microempreendedor individual é uma tipificação jurídica recente. Ela foi criada com o objetivo de resgatar uma boa parcela da população que exerce atividades econômicas de maneira informal.
O MEI é caracterizado como pequeno empresário, podendo permanecer nessa modalidade se faturar até R$81 mil por ano. Não pode atuar como sócio em outra empresa e deve ter, no máximo, um empregado contratado com salário-mínimo.
Entre os principais benefícios dessa modalidade está o registo junto ao Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ) e o enquadramento no Simples Nacional, que unifica os principais impostos federais, como PIS, IPI e Cofins. Também conta com a extensão dos benefícios previdenciários aos dependentes do empreendedor, conforme a adimplência no pagamento mensal do documento de arrecadação (DAS).
Franquias
Trata-se de um modelo de negócio muito difundido e que também proporciona grandes vantagens. Ao optar por uma franquia, o empreendedor está, na prática, ganhando um plano de negócio já validado e testado no mercado, com marca reconhecida, processos previamente estruturados e com grande nível de maturidade.
Assim, o empreendedor não arcará com o ônus de construir uma marca “a partir do zero”. Investindo em uma franquia, ele pode explorar todo o trabalho já desenvolvido pela franqueadora até então, principalmente no que se refere à estruturação dos melhores fornecedores, desenvolvimento de processos eficientes, apoio logístico e mercadológico, participação de mercado e desenvolvimento de marca (branding).
Em contrapartida, é necessário que o franqueado pague royalties e outras contribuições, como taxa de franquia, contribuição de marketing e outros custos, a depender de cada empresa.
Microfranquias
As microfranquias são uma adaptação recente do mercado brasileiro de franchising. Nelas, o capital inicial necessário para a montagem de uma unidade franqueadora é muito menor.
Geralmente, essas microfranquias são versões reduzidas de franquias tradicionais, que funcionam a partir de operações mais enxutas. Elas também não exigem grandes investimentos, e podem ser quiosques, pequenos pontos comerciais e, até mesmo, kits prontos para revenda pessoal.
A vantagem desse modelo, além do menor custo, é a versatilidade e a rapidez com que pode ser implementado. É ideal para quem ainda procura testar determinado nicho antes de realizar maiores aportes.
Startups
São tipos de negócios que estão em busca de um modelo de produção, um novo produto ou um novo modelo de negócio que seja repetível e escalável. Atua em um ambiente de grande incerteza sobre a real aceitação dessa nova proposta ao mercado.
Sendo assim, podemos afirmar que, de maneira geral, startups são empresas nascentes e em forte processo de aprendizado. É importante destacar que reconhecidas companhias da atualidade começaram a partir de startups de baixíssimos custos, como Uber, Airbnb, Instagram e muitas outras.
Ainda que os exemplos mais conhecidos sejam startups de tecnologia, por receber grande destaque da mídia e por serem mais disseminadas na sociedade, existem outras atuando nos mais diferentes setores, como financeiro (as chamadas fintechs), área da saúde, biotecnologia, agronegócio, defesa e segurança e muito mais.
MMN: Marketing Multinível
O marketing multinível é um modelo de negócio em que os ganhos advêm do recebimento de uma participação nos produtos vendidos. Também, na ampliação da quantidade de revendedores que um empreendedor atrai ao negócio.
Assim, parte das comissões de venda recebidas por um participante também retornam para aquele que o indicou no sistema, aumentando a bola de nove em favor do líder, conforme a quantidade de membros em sua equipe se expande.
As empresas mais conhecidas do ramo atuam no setor de cosméticos, serviços e, até mesmo, na venda de produtos de maior valor agregado, como eletrodomésticos e outros utensílios.
Quais as competências e habilidades necessárias para empreender e ter sucesso?
Agora que você já conhece quais as principais oportunidades que o mercado disponibiliza para quem deseja trilhar o caminho empreendedor, é hora de conhecer quais as habilidades necessárias para conquistar o sucesso nesse meio. Siga com a leitura e confira quais as principais.
Boa comunicação
A rotina empreendedora envolve a negociação com clientes, fornecedores, parceiros, corporações terceirizadas e demais agentes fundamentais para o sucesso do negócio. Portanto, desenvolver maneiras amigáveis e diretas de se comunicar é imprescindível para obter sucesso nesse meio.
Espírito de liderança
Líderes inspiradores conseguem motivar sua equipe e torná-los mais engajados com o sucesso do negócio. Portanto, a capacidade de liderança é fundamental para unir os colaboradores, melhorar o atendimento e criar um ambiente favorável para o surgimento de ideias inovadoras.
Criatividade
Com o aumento da competitividade em diversos segmentos, criar formas inovadoras para atender a um determinado público é imprescindível. Portanto, é necessário criar meios para desenvolver a criatividade e pensar em soluções que sejam inovadoras em seus diversos aspectos.
Inteligência emocional
A atividade empreendedora envolve vários riscos e instabilidades que são naturais dessa profissão. Portanto, ter a inteligência emocional para lidar com os problemas que aparecem, com descontentamento dos clientes e situações de baixo retorno financeiro, permite que você tenha melhores condições para conduzir seu negócio.
O perfil do empreendedor no Brasil é multifacetado e tão rico quanto o próprio país. Há espaço de sobra para que cada vez mais pessoas desenvolvam seu potencial e coloquem suas ideias em prática.
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